Durante.

"Sonho parece verdade, quando a gente esquece de acordar. E o dia parece metade, quando a gente acorda e esquece de levantar..."
(Fernando Anitelli)

Até que...
As coisas desandaram, e ficar sozinha comigo mesmo para poder tentar entender e encaixar todas as peças começou a ficar difícil. Nada parecia fazer sentido. E nada de concreto realmente vinha à tona.
Mas que coisa! A falta de paciência de ambos os lados não estava ajudando... Um não tinha paciência de esperar, o outro não tinha paciência para se acalmar e dar um tempo a si mesmo para poder encontrar o que estava procurando.
Era como se eu estivesse em um quarto todo bagunçado, quanto mais eu tentava organizar a bagunça, mais coisas se espalhavam pelo chão, caindo dos armários em pilhas enormes que enchiam todo o espaço disponível.
E eu continuava sem conseguir voltar pra mim, longe do meu corpo.. Mente e forma separados por uma grande vontade de sumir.
Até que fui atingida sem esperar, a dor dele finalmente me atingiu como um tiro. Atordoada, me deixei sangrar. E lentamente fui voltando a mim. E decidi que era hora de entrar naquele quarto bagunçado e começar a arrumar tudo o que se tinha espalhado. E depois de tirar tudo o que estava espalhado, as emoções confusas e o medo de confrontar eu mesma, eu encontrei.
Estavam ali, em pilhas arrumadinhas, esperando para serem novamente usadas: minhas emoções e meus sentimentos.
As primeiras pilhas a serem usadas foram as emoções. Me deixei sentir raiva e ódio por ter sido alvejada, me deixei sentir furiosa por não entender o motivo pelo qual ele não cumpriu o que havia me prometido, enfim. Deixei que todos os sentimentos "maus" saíssem de mim para que eu pudesse realmente voltar a mim. E voltei.

(ouvindo: Likke Li - Possibility)